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Entre foliões e purpurina como ficam o sexo e a prevenção?

Entre foliões e purpurina como ficam o sexo, a sexualidade e a prevenção?

Genilce R. Cunha- Psicóloga

Desde 2015 os índices de Infecções Sexualmente Transmissíveis – ISTs no Brasil vêm subindo de forma alarmante. Doenças como a sífilis deixaram de estar controladas e os índices de pessoas infectadas com o HIV têm aumentado, principalmente entre jovens.

Algo contraditório se pensarmos que nunca houve na história um período em que os meios de proteção para o sexo seguro (preservativos) esteve tão acessível ao público, sejam pessoas carentes ou não. Preservativos são fornecidos nos postos de saúde ou em farmácias, sendo nestas com uma diversidade incrível de valores e marcas para escolha do público.

O acesso á informação sobre tais temas, também está mais fácil. Falar de sexo se tornou regra. O assunto é abordado dentro de escolas e abertamente nas mídias visuais de comunicação assim como nas músicas. A literatura infantil e adolescente sobre o tema também é acessível, mas este ainda se mostra envolto num manto de tabus e falsos moralismos reforçado por ideias fantasiosas ou crenças disfuncionais e distorcidas de que “acontece com qualquer um, menos comigo”. Um mecanismo de negação que muitas vezes dispara pensamentos de invulnerabilidade.

O sexo é algo natural, ou seja, faz parte da natureza humana, mas para nossa espécie tem mais funções do que simplesmente a perpetuação da espécie, envolve troca, desejo, fantasias e não simplesmente uma programação biológica para procriar. Ao ser humano foi dada a capacidade de criar e esta supera a necessidade de procriar.

A sexualidade, por sua vez, é desenvolvida desde que nascemos, diz respeito a nossa visão de nós mesmos, à autoestima, ao prazer e sentido de viver, à forma como lidamos com nosso corpo, com nossas relações e com as pessoas com as quais convivemos. Sexualidade não é escolha, ela vai se formando ao longo do tempo sofrendo interferências vivenciais, sociais e culturais. O Sexo faz parte de nossa sexualidade e depende do desejo, da orientação sexual, de fantasias sexuais e de convicções. Lembrando que não praticar o sexo, também, é uma forma de se vivenciar a sexualidade.

Na adolescência ocorrem que as primeiras experiências sexuais podem se iniciar, pois exige um corpo maduro em nível de desenvolvimento para ser praticado. Mas na adolescência, a maturidade dos jovens para assumir as responsabilidades que o sexo e sua pratica exigem ainda está em desenvolvimento o que explica, em parte, o comportamento negligente consigo mesmo evidenciado na atitude de muitas vezes não se usar preservativos.

O sexo é um ato que demanda corresponsabilidade entre os parceiros e a consciência da vulnerabilidade intrínseca á vivência de uma intimidade física. Esta vulnerabilidade diz respeito a uma gravidez indesejada, nas relações heterossexuais, e à possibilidade de contaminações nas relações heterossexuais e homossexuais.

Toda ação terá consequências e no sexo não é diferente. Fazer sexo com ou sem preservativos sempre terá consequências.

 O fato é que nos momentos de desejo intenso, boa parte dos jovens se esquece destas consequências, focam apenas no prazer e na oportunidade do momento, algo facilmente explicável pela condição humana de preservação e perpetuação da espécie, fragilizando a capacidade de autocontrole dos impulsos que nos fazem negligenciar os riscos. Mas… Estamos falando de infecções que ameaçam a própria vida e que são transmitidas nas relações sexuais “desprotegidas”.

Por mais que a ciência farmacológica esteja evoluída, nem todo tratamento é eficaz para todos que dele necessitam. Nem todo tratamento traz qualidade de vida para todos, e para a AIDS ainda não há cura, existe uma redução da carga viral e aumento da imunidade, mas com restrições como se tem com qualquer doença ainda sem cura. Além disso, qualquer tratamento para ISTs são desconfortáveis por envolverem áreas tão sensíveis física e emocionalmente.

É importante a tomada de consciência de que as ISTs não possuem mais grupos de risco, todos com vida sexual ativa estão sujeitos a contrai-las, e se for contaminado, a dissemina-las caso não tomem medidas objetivas, conscientes e regulares de auto-proteção sempre que se faz sexo.

Assim, para garantir o direito a um prazer biologicamente possível e saudável, é necessário que tenhamos o cuidado é a responsabilidade da prática sexual segura. E que pais, profissionais da saúde e professores estejam abertos para acolher, apoiar e orientar nossos adolescentes. Quanto às pessoas sexualmente ativas, a palavra de ordem então é PREVENÇÃO.

A não prevenção na pratica sexual revela uma negligencia e omissão com o sexo, com nossa sexualidade, com nossa vida, com quem amamos e com quem nos ama.

 

Mais informações

http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/novembro/13/BE-2017-038-Boletim-Sifilis-11-2017-publicacao-.pdf

 http://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/as-vesperas-do-carnaval-a-sbp-alerta-pais-e-adolescentes-sobre-a-importancia-de-prevenir-infeccoes-sexualmente-transmissiveis/

http://www.saude.mg.gov.br/cib/story/10009-aumento-dos-casos-de-sifilis-reforca-a-importancia-do-tratamento-pelo-sus

https://noticias.r7.com/saude/sem-medo-de-doencas-jovens-nao-se-protegem-na-hora-do-sexo-e-casos-de-dsts-disparam-no-brasil-28042017