INQUIETAÇÕES: AFINAL O QUE É IDENTIDADE DE GÊNERO?

Thiago Helmer – Graduando em Psicologia

A mídia é um fator determinante na construção e manutenção das relações de poder instaurados na sociedade, principalmente, quando se trata de relações de gênero. No entanto, por consequência, torna-se também, um campo de visibilidade e discussões. Um dos assuntos mais falados deste ano, foi x personagem Ivana/Ivan, criação da autora Glória Perez e composição da atriz Carol Duarte. X personagem trouxe uma história com barreiras, incertezas e muito preconceito, algo vivenciado com maior intensidade na vida real. Mas afinal, o que realmente é identidade de gênero?

Segundo Piscitelli, o termo “gênero” traz uma diferenciação social e psicológica sobre o ser homem e ser mulher na sociedade, onde esta representação, vem com uma gama de expectativas de comportamentos e formas de viver já pré-estabelecidas, resultando nas “normalidades” de comportamentos sociais e auxiliando na manutenção das relações de poder, baseadas no gênero. Desta forma, a identidade de gênero pode ser utilizada para marginalização social (colocar-se à margem) dos indivíduos que não se reconhecem com o gênero que seria “normal” para a sociedade. Talvez esta visão explique um pouco sobre a dificuldade da mulher e dxs transgêneros em ganhar espaço e visibilidade no âmbito social, seja no trabalho, seja autonomia do próprio corpo, entre outros aspectos.

Na história recente do Brasil, traços de masculinidade é tido como uma característica positiva, sinônimo de segurança, bens e poder. Enquanto ser mulher, era (será que era ou ainda é?) um atestado de fragilidade, susceptibilidade e viés de procriação, em outras palavras, a mulher ideal é linda, recatada e do lar.

As relações de poder construídas e estabelecidas sobre masculinidade e feminilidade no decorrer da história, estão ainda, arraigadas socialmente. Atualmente, as discussões sobre gênero vem ganhando muita ênfase. Mas, será que as discussões (quando falo discussões, trago na visão midiática, principalmente) estão auxiliando no processo de desconstrução destas desigualdades já produzidas?

PISCITELLI, Adriana. Gênero: a história de um conceito. 2. ed. [S.I]: Belendis & Vertecch, 2009. 116-147 p